Em 4 de novembro, Lula classificou como “desastrosa” a operação no Rio de Janeiro que deixou 121 mortos e disse avaliar o envio de legistas da Polícia Federal. Tracking da Secom aponta apoio majoritário à ação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elevou o tom ao comentar a megaoperação policial que resultou em 121 mortes nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. Em entrevista a veículos estrangeiros nesta terça (04.nov.2025), ele classificou a ação como “desastrosa” e uma “matança”. “O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, foi considerada um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, acho que foi desastrosa”, afirmou Lula a veículos como Reuters e AFP.
A fala representa uma mudança de tom em relação à semana passada, quando o Planalto evitou confrontos públicos com o governo Cláudio Castro e preferiu uma nota mais contida nas redes. Agora, o presidente sugere reconstituição técnica e participação federal na perícia do caso. “Até agora nós temos uma versão contada pela polícia, contada pelo governo do estado, e tem gente que quer saber se tudo aconteceu do jeito que eles falam ou se teve algo mais delicado na operação”, disse Lula.
Nos bastidores, a virada surpreendeu quem viu o tracking encomendado pela Secom e recebido pelo Palácio do Planalto na noite de segunda (03.nov). O levantamento, com 2.803 entrevistas por telefone entre sexta e ontem, indica que 98% dos brasileiros (e 100% dos cariocas) souberam da operação e que a maioria aprovou a ação: 72% no país e 73% no Rio.
Entre as leituras sobre o resultado: 46% consideram que a operação foi necessária e positiva; 18% a veem como necessária, mas violenta; 6% a classificam como desnecessária; e 24% apontam falta de inteligência e coordenação. Sobre as 121 mortes, 49% entendem como reflexo do combate ao crime, enquanto 43% enxergam exagero e falta de planejamento.
A pesquisa também mede a percepção sobre Brasília. O governo Lula aparece como muito preocupado com o problema do Rio para 13%; preocupado para 17%; mais ou menos para 17%; pouco para 20%; e nada preocupado para 29%. No desempenho frente à crise, Lula teve 21% ótimo/bom, 26% regular e 45% ruim/péssimo. Para o governo federal, os números foram 27% ótimo/bom, 27% regular e 39% ruim/péssimo.