Produtores rurais dos Estados Unidos enviaram, nos últimos dias, queixas formais ao governo do presidente do país, Donald Trump sobre o Brasil e cobraram medidas contra o que consideram práticas desleais do país. Em especial, reclamaram sobre como o desmatamento ilegal estaria trazendo vantagens indevidas a empresas brasileiras em setores como etanol, soja e madeira.
“Nos últimos anos, a indústria tem se tornado cada vez mais consciente de que o Brasil tem manipulado o sistema ao cumprir de forma fraudulenta os padrões europeus de sustentabilidade por meio de práticas corruptas”, disse J. Tyler McCaughin, senador estadual pelo Mississippi e chefe da comissão florestal da Casa, em uma carta enviada ao Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês).
O USTR abriu uma investigação contra o Brasil, a pedido do presidente Donald Trump, com base na regra chamada Seção 301.
O órgão abrir uma consulta pública, em que pessoas e empresas podem enviar suas posições sobre o tema, até 18 de agosto. Uma audiência sobre o caso está marcada para 3 de setembro. Caso o órgão considere que o Brasil de fato agiu de forma desleal, pode impor novas tarifas e barreiras à entrada de produtos brasileiros, além de outras punições, além da taxa de 50% imposta por Donald Trump na quarta-feira, 30.
Entre as queixas enviadas, há destaque para as indústrias de madeira e de etanol.
Produtores do estado do Mississippi questionam o Brasil por supostamente não seguir práticas de certificação de origem da madeira e não reflorestar áreas desmatadas.
“O volume de fibra brasileira importada para os Estados Unidos — sob a falsa pretensão de ser um produto florestal sustentável — atingiu níveis que impactaram severamente os proprietários de terras americanos. Esses produtos, com preços mais baixos e deturpados, colocam os cidadãos americanos em significativa desvantagem, com os exportadores brasileiros impulsionando o mercado, enquanto os americanos sofrem as consequências”, afirma o senador.
“Uma vez que as florestas são desmatadas ilegalmente, elas devem ser replantadas. No entanto, agora está claro que tais esforços de reflorestamento não estão sendo realizados”, disse o senador. “Sem uma intervenção decisiva, a indústria de produtos florestais no Mississippi — e em todo o país — continuará a declinar, em detrimento dos proprietários de terras”, afirmou.