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CPMI: coronel revela omissão da Segurança Pública do DF

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Foto: Waldemir Barreto-Agência Senado
Ex-chefe do Departamento Operacional da PM do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, fala à CPMI/Foto: Waldemir Barreto-Agência Senado

A informação de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) avisou sobre ameaças de invasão das sedes dos três Poderes na manhã do dia 8 de janeiro foi classificada como importante para a linha de investigação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura ações e omissões que levaram aos ataques de 8 de janeiro. A avaliação é da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

Em depoimento à CPMI nesta segunda-feira (26), o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (DF), Jorge Eduardo Naime,  afirmou que o alerta foi dado por volta das 10h do dia 8 em um grupo de WhatsApp que reunia representantes de órgãos de inteligência.

“O coronel Naime coloca que todas as informações foram repassadas ao então secretário-executivo [de Segurança Pública do DF] Fernando Oliveira e compartilhadas em grupo de mensagens do qual fazia parte o então secretário Anderson Torres”, disse a relatora.

Durante a oitiva, Naime ressaltou que seu departamento não estava no grupo criado no dia 7 de janeiro e que essas informações não chegaram aos braços operacionais da Segurança Pública.

“Às 10h da manhã do dia 8 tem uma informação da Abin dizendo claramente as incitações à invasão de prédio público, dizendo claramente que seriam invadidos, e aí me causa estranheza. […] Os senhores precisam ver aonde essa informação chegou. Se essa informação chegou ao nível de secretário e comandante-geral, e eles não tomaram as providências, porque, minimamente, o Gabinete de Gestão de Crise tinha que ter sido acionado nesse momento, ou se as inteligências não passaram essas informações para o secretário”, declarou o militar.

Eliziane Gama também classificou como relevante a confirmação do depoente de que a desmobilização dos acampamentos bolsonaristas em frente ao Quartel-General do Exército (QG) foi limitada pelo general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto.

“Outro ponto também importante é a posição do coronel quando ele cita a obstrução das Forças Armadas em relação à desmobilização dos acampamentos. Já aprovamos a convocação do general Dutra. O depoimento de hoje reforça a necessidade de recebê-lo”,  apontou a senadora.

Naime afirmou que alertou sobre os riscos do acampamento montado em frente ao QG do Exército e que colocou 450 policiais militares à disposição para desmobilizá-lo, mas que a ação da PM sempre foi limitada pelas Forças Armadas.

Para o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), o colegiado tem avançado na montagem desse quebra-cabeças. ” Estamos montando um grande quebra-cabeças. O depoimento de hoje foi significativo. Estamos perseguindo uma resposta para saber se houve ou não houve uma tentativa de golpe de Estado”, observou o deputado.

Divergências

O depoimento do coronel Jorge Eduardo Naime voltou a expor as divergências entre governistas e oposição na  CPI Mista do 8 de Janeiro.  Preso desde fevereiro, o militar negou ter responsabilidade no episódio. Logo no início do depoimento, ele disse não saber por que está preso, reforçou que estava de folga no dia do ataque às sedes dos três Poderes e relatou que voltou à ativa no dia 8 após ser convocado. Enquanto alguns parlamentares apontaram que Naime teria sido omisso no episódio do ataque aos prédios públicos, outros afirmaram que ele seria um “preso político”.

O vice-presidente da CPMI, senador Magno Malta (PL-ES), criticou o fato de o coronel Naime estar preso há seis meses “sem saber a razão”. Magno Malta criticou a tentativa de alguns parlamentares de indicar o ex-presidente Bolsonaro como “autor intelectual” das manifestações de janeiro. O senador ainda sugeriu levar à CPMI o governador do DF, Ibaneis Rocha, para falar do que foi combinado sobre as férias do então secretário de segurança, Anderson Torres.

 

Fonte: Agência Senado

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