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Denúncia contra Bolsonaro: entenda quais fatos basearam manifestação da PGR

Denúncia contra Bolsonaro: entenda quais fatos basearam manifestação da PGR

 

A Procuradoria Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia de grande repercussão contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas. Os crimes imputados incluem a abolição violenta do Estado democrático de direito, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União. Este artigo detalha os fatos que fundamentaram essa manifestação da PGR, com base em investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF).

Plano “Punhal Verde Amarelo”

Um dos elementos centrais da denúncia é o plano denominado “Punhal Verde Amarelo”. A investigação da Polícia Federal revelou que o plano previa o assassinato de figuras centrais do governo e da justiça, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A PF aponta que Bolsonaro tinha conhecimento da existência desse plano, que foi detalhado em um documento impresso no Palácio do Planalto pelo General Mário Fernandes, então número dois da Secretaria Geral da Presidência.

Envolvimento de Militares e Técnicas Utilizadas

Os envolvidos no plano, conhecidos como “Kids Pretos”, utilizavam técnicas militares para organizar suas ações. O grupo era composto por integrantes das forças especiais do Exército e articulava medidas para atingir seus objetivos entre novembro e dezembro de 2022. A investigação revelou a criação de grupos de mensagens no aplicativo Signal, conhecido por apagar automaticamente as conversas, utilizado pelos militares para tratar do suposto plano golpista. Um dos grupos se chamava “Copa 2022”, e seus integrantes adotaram codinomes de países e apelidos para seus alvos, como “Jeca” para Lula, “Joca” para Alckmin e “Professora” para Moraes.

Minuta Golpista e Reuniões Estratégicas

Outro elemento crucial da denúncia é a chamada “minuta golpista”, apresentada por Bolsonaro aos comandantes das Forças Armadas logo após as eleições de 2022. O documento sugeria instaurar estado de defesa ou de sítio e iniciar a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para manter Bolsonaro no poder. Segundo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso, o ex-presidente discutiu o conteúdo do documento com os chefes das três forças militares, mas apenas o então comandante da Marinha, Almir Garnier, teria apoiado a proposta. Os outros dois comandantes rejeitaram a ideia, com Freire Gomes do Exército ameaçando prender Bolsonaro caso ele levasse o plano adiante.

Estratégias de Desinformação e Milícia Digital

A investigação também aponta que a narrativa de suposta vulnerabilidade das urnas eletrônicas foi criada desde 2019, com o objetivo de pavimentar o caminho para a contestação dos resultados de 2022. Esse discurso, sustentado por Bolsonaro e seus aliados, visava desacreditar o sistema eleitoral e justificar eventuais ações golpistas. Segundo a PF, os investigados utilizaram estratégias digitais para espalhar desinformação de forma coordenada, o que foi classificado como “milícia digital”. Essa estratégia também foi utilizada como base para os atos que culminaram na invasão da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

Plano de Evasão e Fuga

A Polícia Federal identificou um plano de evasão e fuga do então presidente Jair Bolsonaro do país. O esquema seria colocado em prática caso ocorresse uma eventual intervenção do STF no Executivo ou a cassação da chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022. O plano, que incluía técnicas militares e previa o uso de armamentos e munições, foi encontrado no notebook do tenente-coronel Mauro Cid, considerado braço direito de Bolsonaro. O documento, em formato de PowerPoint, foi criado em 22 de março de 2021, mas foi adaptado e utilizado no fim de 2022, quando a organização criminosa não obteve êxito na consumação do golpe.

A denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro e seus aliados é fundamentada em uma série de investigações que revelam planos detalhados para desestabilizar o Estado democrático de direito no Brasil. Desde a elaboração de estratégias golpistas até a disseminação de desinformação, os fatos apresentados pela Polícia Federal e pela PGR destacam a gravidade das acusações. O desenrolar desse processo será crucial para o futuro político do país e para a manutenção da democracia brasileira.

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