Junho de 2025 – O Greenpeace Brasil vê com extrema preocupação a 5ª Rodada da Oferta Permanente de Blocos de Petróleo, promovida pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) na próxima terça-feira, 17 de junho. Entre os 172 blocos que irão a leilão, 47 estão localizados na Bacia da Foz do Amazonas, em áreas altamente sensíveis do território brasileiro e adjacentes ao Bloco 59, arrematado em leilão em 2013 e em processo de licenciamento e alvo de resistência há mais de uma década por representar alto risco ambiental, social e climático.
“É inacreditável que, em pleno ano de COP30 no Brasil, a ANP siga com intenções de esburacar a costa amazônica, ofertando 47 novos blocos na região”, afirma a porta-voz de Oceanos do Greenpeace Brasil, Mariana Andrade.
Além da Foz do Amazonas, outras quatro bacias sedimentares serão leiloadas no dia 17 pela ANP: Parecis; Potiguar; Santos e Pelotas.
“Enquanto deveríamos estar focados em nos distanciar dos combustíveis fósseis, a ANP promove uma 5ª rodada de leilão de novos blocos de petróleo em diferentes regiões do Brasil, colocando em jogo a segurança socioambiental de toda a costa brasileira, e, em especial, a amazônica. Um leilão desta magnitude certamente aprofundará ameaças que já vulnerabilizam as populações costeiras e a biodiversidade marinha no Brasil”, explica Andrade.
Diante das mudanças climáticas cada vez mais aceleradas e da contribuição dos combustíveis fósseis para a crise global do clima, o Greenpeace defende a urgência de o Brasil traçar um plano concreto de transição energética para longe do petróleo.
“Se levarmos a sério a crise climática e a agenda global de descarbonização, a conclusão é evidente: os ativos de combustíveis fósseis estão perdendo valor. Em vez de expandir para novas fronteiras petrolíferas, o Brasil deveria se concentrar em garantir uma estratégia coerente e um mandato social e político para se afastar dos combustíveis fósseis”, pontua a porta-voz.
“O Brasil, com sua sociodiversidade, sua matriz energética já majoritariamente limpa e sua capacidade de inovação, pode liderar um movimento de transição energética justo, popular e equitativo”, afirma Andrade.
O Greenpeace também vem alertando que explorar petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, uma região tão sensível da Amazônia — onde o conhecimento sobre a dinâmica das correntes marinhas ainda é limitado — poderá ter impactos complexos, como colocar em risco a segurança alimentar tanto das comunidades que têm seus modos de vida associados ao mar, como de todo o norte do Brasil.
Em um estudo apoiado pelo Greenpeace em 2024, boias equipadas com GPS foram soltas em diversos pontos da Bacia da Foz do Amazonas para mapear o comportamento das correntes superficiais que poderiam transportar o óleo em caso de um acidente na região. “Com os equipamentos atingindo a costa brasileira e águas internacionais em poucas horas, foi possível perceber que a dinâmica de correntes nesta área é muito complexa e que há um enorme risco de um possível derramamento de óleo atingir as comunidades e ecossistemas costeiros muito rapidamente e causando danos irreversíveis”, explica Andrade. (veja mais no Media Kit abaixo)
Dinheiro do petróleo não irá acelerar transição energética
“O petróleo, na prática, tem servido para alimentar um modelo que atrasa a transição energética. Além disso, financiar a transição energética com petróleo não terá como resultado uma transição justa, inclusiva nem popular”, afirma Andrade.
Apostar no petróleo como motor da transição energética contradiz os compromissos climáticos do Brasil, uma vez que a extração de petróleo na margem equatorial ampliaria as emissões de CO₂, distanciando o Brasil do protagonismo climático global em um momento decisivo para a agenda ambiental.
“O apoio por parte do governo ao projeto de exploração de petróleo na Foz do Amazonas revela a ausência de um plano concreto para uma transição energética justa, que inclua um cronograma claro para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis e garanta políticas efetivas que reduzam os impactos e promovam uma relação mais harmoniosa, com controle social, dos projetos de energia renovável”, rebate Andrade.